Caros/Caras Frati, Sorores, Irmãos, Amigos e Inimigos:
Um homem pode ser difamado,
ridicularizado, preso, torturado e
mesmo morto por aqueles que o odeiam.
Mas, em tempo algum, e em nenhuma
circunstância, seus inimigos poderão
apagar a Chama que brilha em seu
Coração.
Frater Aster IX° OTO
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei.
Muito a contragosto, e profundamente consternado, saio do silêncio obedecendo
àquilo que, por definição, denomino anseio pela Justiça e Coerência Interna .
Retorno, a um assunto extremamente fastidioso, no intuito de desvelar certos
pontos ainda mantidos ocultos para a maioria, muito embora saiba perfeitamente
que muitos tapam os olhos para não avistá-los. Reconheço, de maneira clara, que
assim fazendo, estou assumindo o risco de ser mal interpretado e de parecer,
aos olhos de muitos, como uma pessoa importuna criadora de caso, etc., como
muitos já me têm classificado ao longo de minha vida.
Nos últimos dois anos, o estudo e a discussão sobre Thêlema no Brasil, não estariam completos sem trazermos a público certos fatos que, recentemente, começaram a sair das sombras através vasta documentação chegada às nossas mãos. A análise destes documentos mostrou-nos a imperiosa necessidade de trazê-los ao conhecimento de todos quantos, inseridos no Movimento Thelêmico, anseiam pela e necessitam da verdade.
Não importa quem nos entregou os documentos, ou que circunstâncias o moveram a fazê-lo,
se por traumatismos causados por específicos e recentes acontecimentos, se por
frustração ou ira pessoal. São detalhes que em nada invalidam os documentos. O
importante é a existência e a autenticidade deles.
Nada mais desejamos além de mostrar o que está acontecendo, e aconteceu, nos
bastidores do Movimento Thelêmico Brasileiro. Não culpamos e nem nos dirigimos
a nenhuma dos discípulos de N.Tz (autor do documento escolhido como primeiro
nesta série de anotações que hoje iniciamos), nada temos contra ou a favor
deles. Acreditamos, terem sido glamourizados. Não podemos, portanto, culpá-los.
Quantos de nós não cairíamos no mesmo engano? O grande problema é que todos nós
queremos sucesso em nossas empreitadas, e no afã de realizarmos este salutar
desejo às vezes nos tornamos cegos para muitas realidades. E é exatamente para
estas realidades que chamo à atenção de todos.
Exatamente há dois dias atrás, recebi um envelope contendo uma vasta
documentação entre cartas, e-mails, apreciações, etc. Entre estes um
interessante e-mail, enviado por N.Tz (endereço eletrônico oto@xxo.com ) respondendo à várias questões formuladas pelo Dr.
Santos. Evidentemente, N.Tz. é um moto mágico, mas sua identificação será
perfeitamente intuída através seu endereço eletrônico.
A mensagem se desenvolve em quatro (4) páginas, registrando comentários de
N.Tz, sobre Marcelo Ramos Motta e Euclydes Lacerda de Almeida. Nestes
comentários encontramos inúmeras afirmativas as quais, supomos, são de
interesse geral. Evidentemente reservamo-nos o direito de comentá-las à luz de
nossa intimidade com o assunto.
Vamos, portanto, a esta análise;
Em resposta a uma das questões do Sr. Santos, elucida N.Tz.
“I can´t explain this to your
satisfaction, probably. By what authority did A.C. work? That the A.´.A.´.
proper, as do we. We should not emphasize the persons who carry the Order forward;
the present officers prefer anonymity, as is proper. Motta was the only adept
trained and confiemed by Germer as an officer in A.´.A.´. – see the
imprimatur to Equinox III (6) “Liber Aleph”. That is Motta´s motto. You cannot
know Mottra´s standing re:Germer without reference to their voluminous
correspondence. After Germer´s death, Motta effetively held all the officers as
he was the only officer alive. Motta treined and admitted very few individuals
to Zelator ou beyond, and those are advanced students I refer to, and –
all – of the advanced students now work together, without exception.
Motta´s later students did little or no A.`.A.`. work as he was obsessed with
SOTO; this shows in their output and general lack of caracter”.
O que está explicitado por N.Tz é que Motta, ou
melhor Frater A.[1], era (e ainda é, evidentemente)[2], o único adepto treinado e confirmado por Germer na A.´.A.´.. E a informação vai mais longe, afirmando que o Grau de Motta, na
Ordem, localizava-se além de Zelator. E isto deduzimos das próprias palavras de
N.Tz., ao afirmar que Motta treinou “poucos indivíduos ao Grau de Zelator ou
além”. Assim sendo, evidentemente, Motta, somente poderia treinar indivíduos no
citado Grau ou além deste se ele mesmo estivesse investido de Graus muita acima
de Zelator (um Mestre de Templo, talvez); o que vem confirmar aquilo que Motta
sempre nos confidenciou sobre seu “status” na Grande Ordem, e ao que muitos
colocam dúvidas porque não querem aceitar os fatos, porque esses os incomodam.
No mesmo parágrafo lemos a afirmativa que “Após
a morte de Germer, Motta efetivamente mantinha todos os cargos oficiais na
qualidade de ser o único graduado vivo” (na A.´.A.´., naturalmente). Terminando
o parágrafo N.Tz. também nos informa que “Motta
treinou e admitiu pouquíssimos indivíduos ao Grau de Zelator ou além, e estes
são os avançados estudantes aos quais me refiro, e todos agora trabalham
juntos, sem exceção”(observem a última afirmativa: “sem exceção”).
Isto não corresponde à verdade. Existem outros estudantes de Marcelo Motta
(isto é, as exceções) que jamais ligar-se-iam a, e muito menos trabalhariam
com, N.Tz.; a saber: Claudia Cannuto (que renunciou e retirou-se ao silêncio),
Willian Barden (atual líder da Fundação Parzival XI), Willian Eales ( Líder da
H.O.O.R – Holy Order of Ra-Hoor-Kuit), e o Sr. Ben Stone. A estes
juntamos Frater Libra (Loja Nuit), Mr Berson e Euclydes Lacerda de Almeida
(O.C.T.) que embora não tenham sido nomeados herdeiros, foram estudantes sob a
Baqueta de Frater A., tendo dois deles atingido o Grau de Zelator, e continuam
a trabalhar na linha traçada pelo Instrutor.
No parágrafo três N.Tz. afirma textualmente: “Assim a Ordem teve continuidade de
liderança, muito embora os problemas mentais de Motta causaram-lhe uma severa
queda”. Isto é muito interessante e importante. Prova, definitivamente, que
Motta manteve a Ordem viva e sem quebra em sua continuidade e, ao mesmo tempo,
demonstra sua capacidade iniciática (de Marcelo)
Agora, em relação à “queda”, perguntamos: Como
pode um Mestre de Templo cair? Para aqueles que pouco ou nada conhecem sobre o
assunto, devo esclarecer o seguinte: Segundo os Ensinamentos Thelêmicos, um
Mestre de Templo é o Adepto que tendo cruzado o Abismo, atingiu a Esfera de
Binah e, portanto, estando além dessas vicissitudes de queda, etc. E é
justamente por isto que Marcelo Motta é temido. Ou melhor, colocado, eles temem
Binah, isto é, uma Sephira cuja consecução, em termos iniciáticos, representa o
total aniquilamento do ego. Mas, este é um assunto por demais complexo para ser
aqui discutido (para melhores esclarecimentos vide Liber 418).
No parágrafo 4 encontramos outras tantas
interessantes, paradoxais e contraditórias afirmativas vindas de N,Tz.:
“If you are concerned about Motta´s
reference to me as a ‘failed probationer’, I will tell you in confidence that I
cut contact with him in June 1976 e.v., two months after taking my Probationer
Oath, due to his publication of “Commentaries of AL” Cf. the Short Comment. I
considered him a center of pestilence, and he proved himself to be that in the
following years. He have done good work in the years leading up to that, but
the publication of that book was his spiritual dowfall, in my opinion. I still
work my admitting superior, who was Motta´s most advanced student”.
Este parágrafo merece observações mais
demoradas, porque aqui fica esclarecido o “status” de N.Tz. na Ordem, isto é,
nenhum “status”, para não dizermos outra coisa. Vejam que não estamos
inventando. São as próprias palavras dele no e-mail.
Diz N.Tz que se desligou de Marcelo Motta em junho de 1976 e.v., dois meses
após tomar o Juramento de Probacionista.
Para maior elucidação do que seja um Probacionista segue a seguinte descrição:
"O Probacionista: Assina o Juramento
do Probacionista e escolhe um Nome Mágico. Seu principal dever é começar quais
práticas ele prefira, persistir nelas durante um ano, e escrever um relatório
cuidadoso das mesmas.
Um Estrela à Vista.
Reparem que a “notação” do Probacionista é 0º = 0□. Que quer isto dizer?
Isto simplesmente quer dizer que o “grau” do Probacionista encontra-se FORA DO
ESQAUEMA DA ÁRVORE SEPHIROTICA. (Vide Liber XIII), e que o Grau não é realmente
um Grau, mas um estado de provação, daí sua “notação”. O indivíduo ainda está
em estado probatório (que serve de prova), processo que se usa para testar a
probidade de alguém. Negligencia no cumprimento do qual acarreta afastamento do
Probacionista.
Veja-se também que N.Tz. cortou contato com seu
Instrutor dois meses após assinar o seu Juramento. Isto é, ele não cumpriu nem
25% do tempo necessário nas práticas do “grau”. Mas, assim mesmo, sendo um
simples Probacionista, ou melhor, um tentativo Probacionista, ele achou-se
capacitado em “julgar” as ações de seu Instrutor. Que em 1976 já era um Mestre
de Templo.
E porque ele cortou contato com seu Instrutor? “... devido sua publicação dos ”Comentários
de AL”. E continua:(por isto) “Eu o considerei um centro de pestilência”
Com isto N.Tz. quer dizer que Motta anexou “seus próprios comentários à Liber
AL”. O que não é verdade. Motta jamais “comentou Liber AL”, ele simplesmente
coloca observações aos Comentários de Crowley para elucidar certos pontos
obscuros do escrito de Crowley. E estas observações são bastante diferenciadas
dos Comentários, porque escritas em caracteres Itálicos. A principal
preocupação de Marcelo Motta, ao redigir as observações, foi aquela de auxiliar
a todos que tivessem, por vários motivos, dificuldades em compreender os
Comentários de Crowley que, como todos nós sabemos era um escritor prolixo com
estilo literário bastante hermético. Estas observações também foram feitas para
melhor elucidar termos não traduzíveis do Inglês para o Português: passagens,
nomes, numeração cabalística, etc., escritas por Crowley. E, diga-se de
passagem, estas observações foram, há algum tempo atrás, elogiadas e bem
acolhidas por muitos dos que agora criticam Marcelo Motta por fazê-las. É
verdade o ser humano adora cuspir no prato que comeu...
Entretanto, se assumirmos como verdadeiras as afirmativas de que Motta colocou
seus próprios “comentários” juntamente com os de Crowley, ele jamais poderia
ser considerado um “centro de pestilência” por este motivo, porque ele era um
Mestre de Templo e, como tal, credenciado a fazê-lo. Mas ele NÂO O FEZ. É uma
deslavada mentira afirmar ao contrário. Esta “lenda” de que Motta comentou
Liber AL pertence a uma trama armada contra ele e todos seus seguidores, por
membros do Califado, inclusive aqueles que se beneficiaram com estas notas. Se
o leitor desejar maiores esclarecimentos, leia cuidadosamente o Prefácio e a
Introdução do referido livro.*
Mais à frente, no e-mail de N.Tz., encontramos esta “maravilha”:
“I still work with my admitting superior,
who was Motta´s most advanced student.”
Ora, se N.Tz. cortou contato com Motta, porque
não o fez com o “mais avançado estudante dele?” Isto, sob o ponto de vista de
nosso bom senso e de nossa inteligência (por mais precária que possa ser), é
uma tremenda contradição. Porque “o mais avançado estudante de Motta” jamais
receberia N.Tz. como estudante após este último ter cortado seus elos com
Motta. Esta aceitação representaria, para “o mais avançado estudante de Motta”.
Um ato de insubordinação hierárquica, a não ser que este “mais avançado
estudante de Motta” também tivesse, ele mesmo, cortado seus elos com seu
Superior na Ordem. Mas, isto não é dito, e N.Tz. não identifica este seu
“instrutor”. Quem é ele? James Wasserman? Claudia Cannuto? Euclydes Lacerda?
Willian Barden? Ou B. Stone? Entretanto, não temos qualquer dúvida quanto a
isto, porque jamais nenhum dos quatro últimos citados aceitariam o cargo de
Instrutor de N.Tz., um auto-demitido Probacionista da Ordem [3]. Quanto ao primeiro deles, Wasserman, demonstra
perfeitamente não estar de acordo com as opiniões de N.Tz., porque ele mesmo é
o autor do “Prefácio” de “The Commentaries of AL”, e, portanto, indicando não
cultivar qualquer opinião contrária à publicação do livro.
No parágrafo três, N.Tz., desmente toda uma estrutura propalada por alguns dos Estudantes sob a instrução de S., considerado por N.Tz., como o atual Cancellarius da A.´.A.´.: a “estória” das “Linhagens”, quando admite que J. Wolfe jamais deixou qualquer bem treinado estudante após sua morte.
Do parágrafo seis em diante, N.Tz., cobrindo-se sob o manto da condição
confidencial do e-mail, tece comentários pouco corteses (para se dizer o
mínimo) a respeito de Euclydes Lacerda, um Frater da O.T.O. e da A.´.A.´.. Não
sabemos o quanto N.Tz. foi mal informado a respeito deste Frater, mas mesmo
assim ele não agiu dentro dos Sagrados Conceitos Thelêmico, ao falar de um
Frater usando uma mensagem confidencial, isto é, falando pelas costas. O mínimo
que se esperaria de um Iniciado, tanto na O.T.O. quanto na A.´.A.´., é que ele
mandasse uma cópia da mensagem ao Frater cujo nome foi ali citado. Esconder-se
sob uma carta confidencial não seria a atitude de Marcelo Motta, ou de qualquer
outro Real Irmão da Ordem. Existe uma postura, entre outras, fundamental em
Thêlema: Jamais falar de alguém (bem ou mal) sem que este alguém esteja
presente.
Não comentaremos o resto do e-mail. Seria pura
perda de tempo. Deixaremos que os leitores o analisem e tirem suas próprias
conclusões. Mas referente a parágrafo 12, somos impelidos a um
breve comentário:
“I sense that you are sincere, and you
have been served by Euclydes, who let the Order down by letting you dawn.”
Em primeiro lugar Euclydes jamais serviu mal, ou
desencaminhou, o Sr. Santos, simplesmente porque o Sr. Santos jamais foi um
Estudante sob instrução dele, mas sim sob a instrução de outro Frater. Esta é a
verdade. E a prova disto é que o Juramento de Probacionista do Sr. Santos está
dirigido a outro Frater, não a Frater T.
Segundo: Euclydes jamais poderia deixar a Ordem cair. Ela jamais cairá, malgrado a queda de quem quer que seja. Que conceito é este induzindo pensarmos que a queda ou a permanência de uma Sagrada Ordem depende da queda ou não de seus dirigentes ou membros ou membros materiais?
Ao finalizar, devo lembrar aos leitores que este e-mail foi escrito em 1997,
isto é, quando o Sr. Santos ainda era Mestre de Loja do Califado no Brasil (O.T.O.
Norte Americana) sob a autoridade de N.Tz. ou “de outro” e, portanto, ainda
considerado “útil e manipulável”.
Uma vez que o homem adquiriu certeza pela intuição espiritual, nunca mais pode
cair vítima da incerteza, embora ligeiras nuvens, por vezes, possam empanar o
brilho dessa consciência divina.
Depois de uma experiência assim, desertou de mim o derradeiro vestígio da
dúvida, o mais tênue resquício de incerteza de que aquele que escreveu este
e-mail não é realmente um iniciado.
Não existem pessoas más, existem pessoas doentes
12/04/1999
Euclydes Lacerda de Almeida
Amor é a lei, amor sob vontade
[1] - Nota de E.: Não podemos cair no erro de confundir a
personalidade, no caso Marcelo Motta, com o “ente mágico” A. Isto é básico em
Magia. Não confundir também este A. com Aster.
[2] - Nota de E,: A não ser que se considere, como
verdadeira, a premissa materialista estabelecendo que a morte é o fim de tudo.
[3] - Nota de E.: lembrem-se que a Grande Ordem só bate uma vez à nossa porta.
* - Nota de Keron-E.: além disso, o Comento de AL não manifesta qualquer proibição em comentar o Livro da Lei, apenas "discutir" o conteúdo:
"Those who discuss the contents of this Book are to be shunned by all, as centres of pestilence."