O fito daquele que quereria ser Mestre é único; os homens chamam-no de Ambição Pessoal, isto é, ele quer que seu Universo seja tão vasto , e seu controle de seu Universo tão perfeito quanto possível.
Poucos deixam de compreender este fito; mas muitos fracassam ao planejar sua campanha para consegui-lo. Uns por exemplo, enchem os bolsos de moeda falsa, a qual, quando eles tentam usa-las, se prova incapaz de comprar o que eles queriam. Outros tentam governar o universo de outro homem sem perceberem que eles não podem sequer compreender por completo o universo alheio.
O correto método de ampliarmos nosso universo, além do aparato convencional da Ciência material,é tripartido: evocação, invocação e visão. Controle resulta da familiarização teórica e prática com Fórmulas Mágicas, mas depende muito também de Auto-Disciplina. O terreno conquistado deve ser consolidado e todas as contradições resolvidas em harmonias mais elevadas através dos vários Trances.
Este tanto, em verdade, é óbvio à consideração superficial; estranho, então, que tão poucos Magistas tomem o passo seguinte de inquirir quanto à disponibilidade do Instrumento. Egoísmo míope, sem dúvida, assumirmos de antemão que nosso Ente Mágico encontrará o corpo físico necessário para sua próxima aventura.
Aqui a Memória Mágica é de maravilhoso auxílio para corrigir um otimismo excessivo, pois com que freqüência, no passado, nossa vida foi um fracasso quase completo devido a simples falta de suficiente meios de auto-expressão? E quem entre nós pode seriamente se considerar bem servido (hoje em dia, sabendo o que sabemos) mesmo com o mais perfeito instrumento humano atualmente disponível?
Portanto é simples com senso que o Magus formule seu fito político geral em termos tais como estes:
Assegurar o máximo possível de liberdade de expressão à maior variedade possível de Pontos de Vista. O aspecto prático desta proposição pode ser expresso assim: Melhoremos a raça humana de toda maneira possível de forma a termos a nosso dispor a máxima variedade possível dos melhores Instrumentos imagináveis.
E este é a justificação racional daquele aforismo aparentemente imbecil e com demasiada freqüência sentimentalmente hipócrita:
Ama a todos os seres! Serve a Humanidade!
O acima é o fito político geral, mas também, essas ditas frases contém implícitas:
1 – a Fórmula Mágica que é ao mesmo tempo a chave de Invocação e de Trance;
2 – a injunção ao Magista de abrir seu caminho através dos Céus pela reta disposição das órbitas das Estrelas. A palavra “serve” é, de fato, enganadora e desagradável: implica numa atitude falsa e desprezível. A relação entre homens deve antes ser aquela de respeito fraterno que surge espontaneamente entre dois desconhecidos de alma verdadeiramente nobre. A idéia de serviço ou é verdadeira e humilhante, ou é falsa e arrogante.
A mais comum , e a mais fatal armadilha que ameaça o homem que começou a ampliar seu Universo além do mundo de percepção sensível chamada Confusão dos Planos. Para aquele que realiza o Todo-Um e sabe que fazer diferença entre quaisquer duas coisas é erro básico, deve parecer natural e até correto, executar o que parecem forçosamente Atos de Amor entre idéias incôgruas. Ele tem a Chave das Linguagens: então, porque não haverá ele, o inglês, de utiliza-la para falar em hebraico sem aprender esta língua? O mesmo problema se oferece diariamente em uma miríade de formas sutis. “Comanda estas pedras que se tornem pães”, “Atira-te do pináculo do Templo”, está escrito, “Ele encarregará seus anjos de te protegerem, de te servirem em todos os teus caminhos”. Estas ultimas palavras jorram luz sobre o nevoeiro de Choronzon – Restrição seja ele no Nome de Babalon! Pois “teus” caminhos são os caminhos da Natureza que determinou entre planos uma relação ordeira; deformar esta ordem não é, e não pode ser, “teu caminho”. Aquele aparentemente Gesto de Amor é um gesto falso, pois tal amor não é “sob vontade”. Cuida-te, ó tu que buscas atingir a Mestria, de fazer o que quer que seja de “miraculoso”; o mais seguro sinal do Mestre é este: que ele é um homem de paixões semelhantes às dos próximos. Realmente, ele transcende a todas e as transmuta todas em perfeições; mas ele faz isto sem supressão (pois “Tudo que vive é santo”) ou distorção (pois “Toda Forma é um vero símbolo de Substância") ou confusão (pois “Mistura é ódio mesmo como União é amor"). Iniciação significa Viagem Interior: nada é mudado, ou pode ser mudado; mas tudo é mais verdadeiramente compreendido a cada passo. O Magus dos Deuses, como Sua Palavra única que parece revirar a carruagem da Humanidade, na realidade se destrói e nem sequer se altera coisa alguma; Ele simplesmente fornece um novo método de aplicar a Energia existente às Formas estabelecidas.
A invenção de máquinas elétricas não interferiu de forma alguma com Matéria ou Movimento, apenas nos auxiliou a nos livrarmos de certos aspectos da Ilusão do Tempo e Espaço e desta maneira trouxe as mentes mais inteligentes ao limiar da doutrina Mágica e Mística, essas mentes foram forçadas a conceber a possibilidade de se perceber o Universo tal como ele é: livre de condições. Isto é, foi dado a essas mentes um vislumbre, uma antevisão da natureza da Consecução da Mestria. E certamente será daí um pequeno passo para que os líderes da Ciência natural, tendo a Matemática como Estrela-Guia, compreendam a permanente necessidade da Grande Obra e se apliquem a excuta-la.
Nisto, os grandes obstáculos são estes: primeiro, compreensão errônea de Nós Mesmos; segundo, o preconceito, a resistência da mente racional contra suas próprias conclusões. Os homens tem que se livrar dessas duas restrições; eles devem começar a perceber que sua Essência Espiritual está oculta atrás de, e independente do, instrumento mental e material através do qual eles apreendem seu Ponto de Vista e que eles devem buscar obter outro instrumento que aquele que insiste (com toda e cada observação) em tentar nos convencer daquilo que é apenas a sua própria e mais detestável limitação e erro: a idéia de dualidade.
O Aeon de Hórus chegou e sua primeira flor pode bem ser esta: que
livre da obsessão do fim do Ego na Sorte e da limitação
da Mente pela Razão, os melhores homens uma vez mais ingressam de
olhos abertos no Caminho dos Sábios, o trilho montanhês do
bode que leva às Encostas virgens e daí aos píncaros
gelados rebrilhantes da cordilheira da MESTRIA.
Pequenos Ensaios em Direção a Verdade.
Traduzido por Marcelo Motta