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ensaios dos membros - Therion

Sexo & Thelema

Diabo

Em muitos aspectos, sem dúvida, a Lei de Thelema é revolucionária. Ela insiste na soberania absoluta do indivíduo dentro dos limites de suas próprias funções. E esse princípio afeta aqueles que gostam de interferir na vida alheia. A batalha será travada mais agressivamente nas questões sexuais. Dificilmente é permitido aos outros liberdade nesse assunto. As vezes é uma questão pessoal, um falso orgulho faz homens escravizarem aqueles que desejam. Tais pessoas não podem entender o "Não há laço que possa unir o dividido a não ser o amor…" e eles ofendem de todas as maneiras para conseguir uma demonstração externa de afeto. Este é o erro mais hediondo concebível, ainda que quase todos os homens o cometam, e 90% dos problemas causados por relacionamentos sexuais enganosos deve-se a tal determinação em escravizar a alma do próximo.Parece impossível fazê-los ver o que para mim é óbvio: que o único amor digno de se possuir ou até mesmo o que vale ser chamado assim é a afeição espontânea por um espírito livre. Convenções sociais que restringem o amor são extensões desse egoísmo estúpido ou manifestações da vergonha quase universal oriunda de falsas idéias sobre o assunto. A humanidade deve aprender que o instinto sexual é, em sua verdadeira natureza, enobrecedor. Os absurdos sexuais que deploramos advém, principalmente, de perversões frutos da repressão. O sentimento de vergonha e pecado ocultam os conflitos internos que criam distorções, neuroses terminando de forma explosiva. Deliberadamente criamos um abscesso, perguntando porque está cheio de pus, porque dói e porque quando estoura resulta em fedor e podridão. Quando outros apetites físicos são tratados da mesma forma, o mesmo fenômeno se repete. Persuadir alguém de que a fome é perversa, evitando que ele a satisfaça comendo qualquer alimento que melhor lhe convém, vai torna-lo uma pessoa louca e perigosa. Assassinato, roubo, revolta e muitos outros crimes originam-se da supressão das necessidades físicas de nutrição.

O Livro da Lei resolve por completo o problema sexual. Cada indivíduo tem o direito absoluto de satisfazer o seu instinto sexual como fisicamente melhor o aprouver. A única ressalva é tratar tudo como atos sacramentais. Não deve-se comer barbaramente mas apenas para satisfazer a vontade. O mesmo se aplicando ao sexo. Devemos utilizar cada faculdade para promover a nossa existência.O instinto sexual, dessa forma, livre de grilhões, não assumirá formas monstruosas. As perversões tornar-se-ão tão raras quanto aquelas aberrações em show de horrores.

Insisto nisso pois a minha experiência na Abadia de Thelema mostrou que é possível libertar a humanidade dessa obsessão. Primeiramente no caso dos recém chegados onde problemas familiares perturbavam a nossa harmonia. Mas aderindo á Lei ,por nos treinarmos a tratar nossa vida sexual como uma questão estritamente pessoal, abolimos a inveja, intriga e todos os outros males relacionados; brigas, fofocas, maledicências e todo o resto.

Estava indo tudo bem quando os deuses me prepararam uma supressa: eu esperava que, libertando e encorajando o instinto, ele ocuparia um espaço maior em nossas vidas, mas aconteceu o contrário. Em pessoas saudáveis esse instinto não é particularmente predominante. A importância do assunto, a sua onipresença, advém da irritação constante, fruto da repressão. Nós estamos sempre pensando nele, como um Anglo-indiano no seu fígado. Na abadia nós removemos as fontes de irritação resultando no retorno a sua intensidade fisiologicamente original, em serenidade e silêncio. Quase esquecemos que ele existia. Isso começou a surpreender-nos quando os símbolos sexuais exibidos na abadia, tão familiar que desaguou em esquecimento para nós, excitava os estranhos ao ambiente. Uma pessoa estimulada ou avessa a obscenidades eróticas é tão inválida quando alguém cuja boca enche d'água ao ver um livro de culinária.

Confessions of Aleister Crowley - Cap. 87

Traduzido por Frater Keron-E.

 

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