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ensaios dos membros - Keron-E

SOBRE O CORPUS CHRIST

93!

‘Corpus Christ ‘ é uma data comemorativa católica cristã que objetiva ‘testemunhar publicamente a adoração e a veneração para com a Santíssima Eucaristia, principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo.’ Na eucaristia, o sacerdote capitaneia cerimonialmente, é dito, a transformação, em um plano sutil, da hóstia e do vinho no corpo e no sangue de Jesus Cristo. Poderia ceder a tentação de questionar aqui as bases teóricas da eucaristia, enveredar na deposição filosófica sobre a transubstanciação e por aí vai, mas isso seria um erro tremendo, pois evitaria o tema principal, a chave que dá poder ao cristianismo: o medo da morte. Todo o corpo dogmático foi construído em volta dessa ideia; a fé em Cristo, segundo os cristãos, garante a salvação da alma. O catolicismo cristão, e seus filhos protestantes, é uma religião do medo cercada por convincentes malabarismos filosóficos.

Porém, em 1904, o mundo foi renovado pelo Fogo. Uma nova lei foi dada aos homens. Uma lei que anuncia a emancipação da humanidade, o fim da tirania do medo relativo à morte. Está escrito em Liber AL vel Legis:

Aye! feast! rejoice! there is no dread hereafter. There is the dissolution, and eternal ecstasy in the kisses of Nu.

Sendo uma lei, ela pode ser desobedecida, mas a sanção é a permanência em um estado ultrapassado é a angústia, o sofrimento. Os que ficam sofrem pelos que se vão e não vice-versa. Quando a morte vem para os mais novos, pensamos em injustiça da mesma forma quando se manifesta lenta em forma de doença. Todavia ela é mais aceitável na velhice e quando a pessoa viveu uma vida plena. Se for indolor então, é a coroação, como aconteceu com Aleister Crowley: viveu uma vida intensa, expôs-se a diversos perigos para morrer dormindo aos 72 anos. Se existe um exemplo de boa morte, foi a dele; e mais do que isso, é uma prova da autenticidade do Livro da Lei:

Ah! thy death shall be lovely: whoso seeth it shall be glad. Thy death shall be the seal of the promise of our agelong love.

É mentira essa ideia de ‘salvação da alma’. Ela já está ‘salva’. É o ciclo natural que existe. Não abrace promessas de subversão do fim. Essa energia é utilizada por vampiros para que eles obtenham sustento em vida. O que é um padre senão um funcionário? O que fazem da religião cristã senão mero sustento à custa de angústia? Parece discurso ultrapassado de intolerância religiosa? Sim, parece. Mas o ataque é na ideia principal que alicerceia dogmas restritivos. Se a consequência do questionamento a esse pensamento restritivo é o esfacelar de instituições, que seja.

É fácil mudar? Escapar do medo da morte? Não. Pelo menos nessa cultura, não mesmo. Pais perderem os filhos é uma enorme tristeza e pode depor contra essa ideia aqui apresentada. Como aceitar isso? Não existe alternativa. Até para o próprio Crowley foi difícil, uma vez que suas filhas morreram cedo, mas ele manteve-se firme na Lei. Eis um modo de começar a compreender essa verdade.

Reações químicas rápidas causam explosão destruindo imediatamente, porém as lentas corroem estruturas ao longo de anos. Pode-se exterminar a ideia escrava do medo da morte silenciosamente, dentro de nossas casas mudando o pensamento dos próximos, principalmente dos jovens. Se forem criados sob essa nova ideia, grilhões serão quebrados. Temos o auxílio de To Mega Therion, cuja Obra nos fornece insumo teórico e prático, além da inércia de um novo tempo.

Para os que não acreditam nessa história de ‘Novo Aeon’ e ‘Livro da Lei’, afinal, ambos podem ser questionados da mesma forma que os dogmas católicos, reflitam pelo menos na ideia das falsas promessas relativas à morte – a crítica a elas não são exclusividade thelêmica, admito, mas isso é bom, garante outras formas de conseguir o intento. Caso cheguem a mesma conclusão, já seria muita coisa, ajudaria a acelerar o processo de corrosão.

A morte é inevitável. Vivamos sem falsas esperanças uma vida plena de êxtase!

93 93/93!

Keron-ε

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