"O mestre. O mestre cuida de nós. O mestre não nos machucaria. O mestre quebrou a sua promessa. Não peça a Sméagol. Coitado, coitado do Sméagol. O mestre nos traiu. Malvado. Traiçoeiro. Falso. Nós deveríamos torcer seu pescocinho nojento. Matá-lo! Matá-lo! Matar os dois. E então, nós pega o precioso e nós se torna mestre! Mas o hobbit gorducho sabe. Está sempre de olho em nós. Então, nos arranca os olhos. Nós arranca os olhos dele e faz ele rastejar. Sim! Sim! Nós matamos os dois. Sim... Não! Não! É arriscado demais. Arriscado de mais."
Sméagol/Gollum - O Senhor dos Anéis
Em Burma existe apenas um animal que o povo sempre mata, a Víbora de Russell; porque, como eles dizem, ' ou você a mata ou ela mata você ' ; é uma questão de quem vê o outro primeiro. Ora, qualquer idéia que não seja A Idéia, deve ser tratada desta maneira. Quando tiver matado a serpente, você pode usar-lhe a pele, mas enquanto ela estiver viva e livre, você está em perigo.
Isto é, quando você aprender, treinando, a identificar os pensamentos e a perceber quando eles não são seus, mas sim resultado de condicionamento ou de herança genética, você poderá usá-los para seus próprios propósitos ao invés de ser usado por eles para o propósito de alguma outra pessoa - viva ou morta.
E infelizmente, a idéia - do - ego, que é a verdadeira serpente...
O Ego é precisamente a projeção intelectual do Verdadeiro Ser - isto no Iniciado ou no gênio. No ser humano normal, profano, o Ego é a projeção intelectual de vários feixes diversos de pensamentos, em sua maioria criados por outros Seres; e normalmente você nem mesmo obtém tais feixes em primeira ou mesmo em segunda - mão: você os obtém de milésima mão ou mesmo de milionésima mão. Essa idéia - do - Ego, deve ser destruída, isto é, percebida analisada e controlada. Então você percebe que seu Ego deveria ser apenas a Máscara de sua Verdadeira Vontade e recria um Ego para ser seu instrumento, ao invés de instrumento dos outros em você. Mas além disso você percebe que este Ego é apenas um instrumento conveniente, de modo que você pode trabalhar sua Vontade nos planos mais baixos da consciência. Você sabe que o Ego não é sua Vontade ou o verdadeiro Você. Essa " reforma interna" ou antes, reformulação, não é permanente. Ocorre repetidamente a medida que você ascende de Iniciação à Iniciação. Cada passo do Caminho é " uma morte e um nascimento" . Veja-se LXV v 50.
...pode projetar-se em uma multidão de formas, cada qual vestida nas mais lindas roupagens. Assim é dito que o diabo é capaz de disfarçar-se em um anjo de luz. Quando estamos presos por um voto mágico, tal é terrivelmente o caso. Nenhum ser humano normal compreende ou pode compreender as tentações dos santos.
Uma pessoa normal que tivesse idéias como as que obcecaram São Patrício e santo Antônio deveria estar num manicômio. Quanto mais você aperta a serpente (que estava previamente na madorna e quase inofensiva, em aparência), tanto mais ela se contorce e luta; e é importante que você se lembre de que deve segura-la com tanta mais força quanto mais ela luta ou ela escapará e lhe morderá.
Da mesma maneira que, se você diz para uma criança não fazer uma certa coisa, não importa o que, ela imediatamente quererá faze-la, se bem que a idéia poderia lhe ter jamais ocorrido por si só, da mesma forma ocorre com o Santo. Todos temos essas tendências latentes em nós; poderíamos permanecer inconscientes da maior parte delas a nossa vida inteira - se elas não fossem despertadas pela nossa Magia. Elas estão de emboscada. E toda e cada qual deve ser despertada e toda e cada qual deve ser destruída.
Toda pessoa que assina o Juramento do Probacionista está mexendo em ninhos de marimbondos.
Mas as dificuldades que Crowley descreverá a seguir afetam somente a pessoa que assina o Juramento com sinceridade íntima. Aqueles que assinam fingindo ou, cuja sinceridade é meramente superficial, permanecem como eram, nada acontece.
Um homem tem apenas que afirmar a sua aspiração consciente e o inimigo pula sobr ele.
Parece pouquíssimo provável que qualquer pessoa possa atravessar aquele terrível ano de provação e, no entanto, o aspirante não é obrigado a fazer qualquer coisa difícil; quase parece como se ele não estivesse obrigado a fazer coisa alguma - e no entanto a experiência nos ensina que o efeito é como arrancar o homem da sua poltrona favorita e arremessá-lo ao meio de uma tormenta no Atlântico.
Talvez , a verdade seja que a própria simplicidade da mesma, a faz difícil. O Probacionista deve agarrar-se a sua aspiração - afirma-la de novo e de novo em desespero.
Ele quase a perdeu de vista, talvez ela se tornara sem significado para ele; ele a repete mecanicamente enquanto é arremessado de onda em onda. Mas se puder persistir em sua aspiração, ele passará o ano.
E uma vez tendo passado, as coisas novamente assumirão seu aspecto próprio; ele verá que mera ilusão era aquilo que parecia tão real e ele terá sido fortificado contra as novas provações que o esperam.
Mas infeliz ao extremo é aquele que não pode assim persistir. É inútil que ele diga: ' Eu não gosto do Atlântico; eu vou voltar para minha poltrona favorita'.
Dê apenas um passo no caminho e já não poder voltar atrás. Como diz o poeta Browning em seu poema:
"O Jovem Rolando chegou a Torre escura.
Pois vêde! Tão cedo dediquei-me ao plano.
E dei na trilha o meu primeiro passo.
Quando volvendo os olhos sobre o ombro.
A estrada que seguira já não vi:
Em meu redor, ao horizonte, nada
Senão deserto: para frente a estrada."
Aleister Crowley,
Comentários em itálico, Marcelo Motta.
Magia e Misticismo, Livro Quatro Parte II, 1982ev.
Keron-E